sexta-feira, 11 de maio de 2007

New York New York

Start spreading the news!
Nova Iorque é de facto uma cidade deslumbrante. Logo que possa vou colocar aqui neste lindo blog uma foto tirada na big apple.
Mil desculpas por só agora dar o ar da minha graça. O blog está tão bonito e interessante que até estava com medo de não ter nada assim tão interessante para aqui "postar". Mas cá vai de qualquer modo! Adorei esta ideia. É simplesmente delicioso! Um beijinho muito grande Andreia, Nessa, Sara, Lurdes e Marta...

Cristina

A propósito da pobreza humana….

Algures por onde ando vive uma família num anexo ao fundo de um quintal, um casal e 5 filhos numa casita, repartida em duas divisões minúsculas com menos do espaço necessário, talvez até para uma pessoa só.. Os pais dormem numa cama individual, os filhos dormem num beliche, o mais velho na cama de cima e os outros 4 na cama de baixo. Não têm mesa, as crianças comem no chão, lavam a loiça no quintal e a casa de banho também se encontra no quintal. As crianças de olhos azuis riem-se para nós e a de 3 anos pede-me para a ajudar a descascar uma banana, simbolicamente pede-me muito mais do que isso. Existem ratos na casa e muita humidade, a mais nova de todas as crianças tem atraso no desenvolvimento, os pais não trabalham…

Algures por onde ando vivem dois homens da mesma família numa (ruína de uma) casa de pedra, com uma só divisão. A casa encontra-se no meio de um terreno, escondida entre ervas. Lá dentro há um fogão a lenha, duas camas e pouco mais, de dentro da casa vê-se o céu. No Inverno os dois homens acordam como se estivessem a dormir na rua, ensopados em água da chuva. O telhado (ou o que resta dele), encontra-se coberto com ervas e eles dizem: “o telhado até está bonito”.
A casa não tem água nem luz. A água que têm é um fiozinho que corre no quintal que dá para tudo o que fazem. Tomam banho em alguidares, lavam a roupa em alguidares. Fazem as suas necessidades por entre as ervas que rodeiam a casa. Nenhum deles trabalha, nenhum deles recebe subsídios e os dois fazem biscates para ganhar algum dinheiro, mas um deles diz-me “ás vezes passa-se fome”. O único apoio que têm é da igreja que se limita a dar um pacote de arroz ou de massa de vez em quando. Mas, ainda há mais bocas naquela casa para alimentar, um cão pastor alemão e três gatinhos, a gestão de tudo aquilo é muito bem racionada. Perguntamos ao mais novo porque não trabalha, ao que nos responde que não consegue trabalhar pois não tem dinheiro para pagar as despesas do primeiro mês. Diz ser mais fácil encontrar trabalho a cerca de 30/40 km de onde vive e logo não tem meios para comprar o passe no primeiro mês, nem pagar a alimentação, assim mantém-se ali, vivendo um dia de cada vez, fazendo uns biscates. Chegou a fazer algumas horas de jardinagem perto de casa, onde lhe pagavam 100 euros por mês o que já dava para se orientar. Tem um dinheiro de parte: 25 euros poupados, para caso necessite de alguma coisa. Não é consumidor de drogas, não é alcoólico não têm nenhum problema físico que o impossibilite de trabalhar. O mais velho, esse sim é alcoólico, esse já idoso apanha caracóis e vende nas redondezas. Ao fim da tarde aguarda os amigos para beber uns copos, de manhã acorda com o dellirium tremens por abstinência do álcool.